Palácio Quintandinha - Petrópolis
Por que visitar o Palácio Quitandinha??? Em primeiro lugar porque é lindíssimo! Em segundo, porque os imponentes ambientes guardam memórias de um período de riqueza e ostentação inimaginável na atualidade.
Se o Museu Imperial, construído como Casa de Verão para a família imperial brasileira, atrai tantos visitantes por conta da riqueza (em beleza e valor) de sua mobília e seus objetos clássicos do séc. XIX, da mesma forma o Palácio Quitandinha agrada por possibilitar ao visitante reviver o passado glamouroso da década de 1940, quando foi inaugurado como o maior hotel-cassino da América do Sul: com 50 mil metros quadrados em seis andares, divididos em 440 apartamentos e 13 grandes salões com até 10 metros de altura.
Nos áureos tempos de funcionamento do hotel-cassino, atravessaram os imponentes corredores internos em estilo rococó hollywoodiano estrelas como Dalva de Oliveira, Virgínia Lane, Grande Otelo, Lana Turner, Henry Fonda, Greta Garbo, Carmem Miranda e Walt Disney, além de políticos como Getúlio Vargas (que possuía seu próprio apartamento no hotel) e Evita Perón.
Inaugurada em fevereiro/1944, com transmissão ao vivo pela Rádio Tupi, a edificação que externamente tem estilo arquitetônico normando-francês homenageando a colonização alemã de Petrópolis, deixou de funcionar como cassino após pouco mais de dois anos (maio/1946), quando o presidente Gaspar Dutra proibiu o jogo no Brasil. Apenas como hotel, o suntuoso palacete ainda resistiu até 1962 quando as dificuldades financeiras em manter um empreendimento tão luxuoso encerraram também a hospedagem no Palácio Quitandinha que, em 1963, foi vendido e tornou-se um condomínio de luxo.
Em mais de setenta anos de história, nem tudo foi glamour no dia a dia do Palácio Quitandinha. Da mesma forma como nos tempos dourados foi palco de eventos luxuosos como os concursos de Miss Brasil (incluindo a pioneira Martha Rocha, em 1954), nos anos de dificuldades financeiras recebeu todo tipo de evento, de bailes funks a leilões de animais e gravações de comerciais. O descaso desses locatários deixou marcas de negligência nesses espaços, hoje restaurados pelo SESC, que administra o empreendimento desde 2007.
Como destaques do projeto megalomaníaco, vale a pena conferir o Jardim de Inverno decorado em mármore Carrara no qual uma imensa gaiola de ferro abrigava pássaros da fauna brasileira como araras e papagaios trazendo o cenário tropical para a decoração. Sim, isso era possível, afinal o IBAMA foi criado apenas em 1989; hoje a gaiola está vazia. Passe também pela enorme cozinha desativada de 1200 metros quadrados de onde podiam sair até 10 mil refeições diárias preparadas por uma equipe que chegou a ter 100 pessoas. Esse espaço, ainda não restaurado, me fez pensar imediatamente nas provas do talent show de culinária Masterchef Brasil. Alô, Rede Bandeirantes, um episódio no Quitandinha seria incrível!
O Salão Mauá é outro espaço para deixar os visitantes de boca aberta e queixo caído (foto acima, com teto azul). Um ambiente de 2500 metros quadrados que abrigava o salão principal do cassino com densas cortinas de veludo para que os jogadores perdessem a noção do dia e da noite e continuassem suas apostas. A cúpula de 30m de altura e 50m de diâmetro é anunciada como a segunda maior do mundo, menor apenas que a cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma. Porém, como diria o personagem Pedro Pedreira, 'há controvérsias', pois a Catedral Metropolitana de Porto Alegre também se auto-declara detentora do mesmo vice-recorde. Mesmo em relação ao primeiro lugar, além da Basílica de São Pedro, também é anunciada como a maior do mundo a cúpula do Pantheon, em Roma; o Duomo, em Florença e, mais recentemente, a cobertura retrátil do Estádio Nacional do Centro Desportivo, em Singapura.
Tá bom... tá bom... a blogueira é um tanto detalhista com as informações que publica (e ranzinza quando se trata de apenas aceitar o que ouve); mas nada disso tira o glamour do Palácio Quitandinha e nem da cúpula do Salão Mauá sob a qual existe o 'ponto do eco', em que a voz se repete 14 vezes.
Ainda hoje, o Palácio Quitandinha é o maior do Brasil e, juntamente com o Teatro Colón, na Argentina, está entre os maiores da América Latina. Além da programação ocasional, que inclui shows de música, peças teatrais, entre outros espetáculos, vários salões são utilizados para exposições itinerantes de arte. Há pistas de boliche e pedalinhos para passear no lago artificial construído no formato do mapa do Brasil (confesso que minha criatividade não foi suficiente para enxergar o tal mapa, mas isso são coisas da blogueira ranzinza de novo). Além do projeto arquitetônico e do paisagismo, a segurança dos hóspedes também foi rigorosamente pensada e o lago construído para que a água fosse utilizada pelos bombeiros em caso de incêndio.
Apenas o andar térreo (área social com os 13 salões e outros ambientes) é aberto à visitação. Nos demais andares ficam os apartamentos de proprietários particulares que moram ali ou os alugam para temporadas. Quem quiser se hospedar em um dos principais cartões postais de Petrópolis para reviver o passado de glórias da cidade, é fácil encontrar ofertas de apartamentos nos sites de reservas de hotéis.
As visitação pode ser livre (R$8), audio-guiada (R$16) ou guiada (R$16). Recomendo a companhia de um guia para que os detalhes da história não se percam e as informações visuais sejam mais significativas. Nós estávamos com o guia Márcio Pizzi (24 99314-7447), que nos acompanhou em Petrópolis e também nos guiou pelos corredores do Quitandinha.
Ah, antes de ir embora, dê uma passadinha pelos banheiros restaurados e de uso público dos visitantes, logo na entrada, e observe como a riqueza de materiais foi pensada nos mínimos detalhes na construção do Palácio.
Serviço
- Endereço: Av. Joaquim Rolla, n º 2 - Petrópolis
- Contatos: (21) 4020-2101; falecomagente@sescrio.org.br
- Horários da bilheteria:Terças, 9h às 18h; quarta a domingo e feriados, 9h às 21h30.
- Boliche:
Quarta a domingo e feriados, 15h30 às 21h30
Valores da hora:
Quartas, quintas e sextas: R$ 20 (habilitado Sesc) e R$ 40.
Sábados, domingos e feriados: R$ 30 (habilitado Sesc) e R$ 60.
Classificação 6 anos.
Leia também: Um pouco mais do Palácio Quitandinha
(sobre o apartamento de Jorge Amado e Zélia Gattai no Quitandinha)
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