Rediscovering Travel: a book from Seth Kugel
O livro 'Rediscovering Travel: a guide for the globally curious' (algo em português como 'Redescobrindo a viagem: um guia para os globalmente curiosos), lançado nos EUA em novembro/2018, tem como autor Seth Kugel, youtuber do canal 'Amigo Gringo', bem popular entre os brasileiros por ter como um dos principais temas de seus vídeos a cultura e os hábitos de nosso país. O jornalista americano deu uma entrevista à Revista Veja de 02-01-2019 discorrendo sobre a busca por experiências de viagem mais autênticas e menos comerciais, além de falar de micos de viagem e também do potencial turístico 'não aproveitado' do Brasil. Segue uma síntese de temas e opiniões bem interessantes:
* Turismo de experiência
Os viajantes estão perdendo a ousadia e o senso de aventura por conta da indústria que os trata como bebês e propõe que 'comprem experiências'. Uma experiência não pode ser vendida como um serviço ou um tour, é algo ocasional, sem planejamento que necessita que se esteja aberto ao inesperado.
* Experiência genuína do autor no Brasil
Por sugestão de um amigo belga, Seth Kugel embarcou em cruzeiro de quatro dias pelo Rio Amazonas desde a cidade de Tabatinga até Manaus, com intuito de melhorar seu português. A dica era levar uma gramática e passar os dias na rede estudando que muita gente se ofereceria para lhe ensinar o idioma. Deu certo. O autor, judeu não-praticante, embarcou entre evangélicos semianalfabetos que lhe pediam que lesse a Bíblia para eles, além de ouvir histórias como a de uma menina de 15 anos que estava fugindo do marido violento. Para Kugel, aprende-se muito mais sobre o Brasil ouvindo essas histórias de vida que entre turistas em torno do Cristo Redentor. Na opinião do autor, a viagem pelo Rio Amazonas "é como um spa dos pobres. É tão relax porque não tem nada para fazer, mal existe sinal de celular. Uma vez a cada quatro dias você vai ver os botos-cor-de-rosa, e só."
* Dicas para uma viagem surpreendente e espontânea
- Trace planos para metade do tempo da viagem. Se for ficar dez dias na cidade, programe-se antecipadamente para apenas cinco deles.
- Se quiser conhecer as principais atrações, programe-se para fazer isso em dois dias, não nos dez.
- Converse o quanto for possível com os moradores locais, aqueles que você encontra na rua, no metrô, nos restaurantes...
- Procure economizar. Quanto menos se gasta, mais esforço há para inserir-se no destino. No lugar do tour contratado de dia inteiro, planeje seu roteiro na internet e use o transporte público local.
- Viajar pelo mundo procurando pelo bairro mais descolado da cidade com drinks a 15 dólares, não é experimentar a cultura local.
- Escolha destinos menos comuns. Saia das grandes capitais e vá para o interior. Nos EUA, por exemplo, há ótimas atrações além da Florida: os parques nacionais do oeste do país como Yellowstone e Yosemite ou a cultura de cidades como Nova Orleans (Louisiana), Savannah (Georgia) e Carolina do Sul.
* FOMO (Fear Of Missing Out)
O 'medo de perder alguma coisa' afeta o turista brasileiro que geralmente foca em destinos famosos. Se vai a Paris, se contenta em subir na Torre Eiffel, ver a Mona Lisa e postar fotos nesses dois locais para os amigos verem. Uma foto diante da Mona Lisa é uma farsa, pois o visitante do Museu do Louvre não conseguirá um clique sem exibir parte das outras 50 mil pessoas que estão por lá, porém, as pessoas veem essa mentira e querem viajar a Paris para replicá-la.
* Como não ser um 'babaca' no exterior
- O mundo é muito grande, por isso, saia da bolha que o limita a agir conforme as regras de comportamento a que se acostumou.
- Se cometeu uma gafe em algum momento, admita que cometeu um erro, peça desculpas e explique que é de outro lugar.
- Por exemplo, na França não tome banhos de mais de 3 minutos nem aborde alguém pedindo informações antes de um 'bonjour' ou palavra correspondente. Na China não se incomode com a curiosidade excessiva das pessoas, para os chineses é normal e não uma violação de 'sua' privacidade.
* Micos dos brasileiros no exterior
- Usar tênis coloridos e brilhantes de academia na rua.
- Usar o gesto 'joinha' que nos EUA é considerado brega.
- Tirar fotos com esquilos.
- Marcar e depois desmarcar um compromisso.
- A obsessão por compras. Não faz sentido ir a Nova Iorque apenas para comprar.
* O que atrapalha a competitividade brasileira no turismo
- A estrutura de transporte não ajuda. Nenhum turista sai de Nova Iorque e chega diretamente aos Lençóis Maranhenses.
- As maravilhas das cidades brasileiras não são bem divulgadas. Os turistas estrangeiros sabem da Amazônia e do carnaval no Rio de Janeiro, mas nunca ouviram falar nas cidades históricas de Minas Gerais.
- O nível de inglês (idioma internacional do turismo) na área de serviços é problemático. O autor exemplifica que se não falasse português não teria conseguido alugar um carro no Aeroporto de Guarulhos.
- A questão da segurança preocupa os turistas.
Texto baseado na entrevista de Seth Kugel, nas Páginas Amarelas da Revista Veja,
edição 2615, de 02/01/2019
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