GOLD - Sebastião Salgado
“O que dizer desse metal amarelo e opaco que leva homens a abandonar seus lares, vender seus pertences e cruzar um continente a fim de arriscar suas vidas, seus corpos e sua sanidade por causa de um sonho?”
Sebastião Salgado
Em 1979 teve início no interior do Pará a exploração do maior garimpo a céu aberto do mundo. Ainda em 1980 os garimpeiros subiam 150m de altitude de uma colina ao lado de um curso d'água, na qual as matas foram completamente devastadas, o que deu origem ao nome Serra Pelada. Depois cavaram por uma década até que a colina se transformou em uma cratera de duzentos metros de profundidade. A aventura rendeu oficialmente 45 toneladas de ouro, porém, estima-se que até 90% de todo o ouro encontrado no local foi contrabandeado. Serra Pelada chegou a reunir mais de 100 mil pessoas atrás do precioso metal em sua fase áurea, entre 1982 e 1986.
Justamente em 1986, no auge da exploração do garimpo, chegou ao local os olhos arregalados do fotógrafo Sebastião Salgado, depois de esperar seis anos para que as autoridades da ditadura militar o autorizassem a visitar aquela que se transformou na maior mina a céu aberto do mundo. Foram 33 dias e centenas de filmes fotográficos retratando a realidade alucinante daqueles homens que encarnavam esforço e delírio em busca do sonho de enriquecer. Suas fotos fizeram com que o mundo conhecesse a história de Serra Pelada. Quase três décadas depois do governo brasileiro fechar a mina (em 1992), 56 dessas imagens estão reunidas no SESC Avenida Paulista, na exposição "Gold - Mina de ouro Serra Pelada".
A exposição, que fica no SESC até novembro/2019, certamente será visitada por muita gente que nem havia nascido quando Serra Pelada era notícia quase diariamente no Jornal Nacional e no Fantástico de todos os domingos, anunciando as frequentes mortes por acidentes ou assassinatos que chegavam a 80 por mês. As brigas e os acertos de contas não aconteciam no garimpo, onde eram proibidos armas, álcool e mulheres, e sim em Curionópolis, vilarejo que se formou a 30km de distância da jazida e do controle do major Sebastião Curió, enviado pelo governo paraense para impor a ordem em meio aos garimpeiros. Em Curionópolis, que herdou o nome do Major Curió, ficavam dezenas de bares e bordéis com cerca de 5000 prostitutas.
Na exposição, a narrativa construída por meio das imagens é complementada por textos nas paredes que contextualizam o que se vê nas fotos: milhares de pessoas se movimentando em uma cratera com barrancos e escadas íngremes; homens cobertos de lama cumprindo suas tarefas como operários de um grande formigueiro. Aliás, 'formiga' era o nome dado à categoria mais básica de garimpeiros de Serra Pelada, era ele quem descia pelas perigosas escadas apelidadas de 'adeus mamãe' e voltava carregando na cabeça sacos com 35kg a 40kg de cascalho para ser vasculhado. A maior pepita de ouro encontrada em Serra Pelada pesava cerca de 6,8kg, alguns garimpeiros chegaram a encontrar dois mil quilos do cobiçado metal, no entanto, a sorte não era assim tão sorridente para todos. Muitos que ali estiveram não encontraram nada, alguns nem retornaram às suas casas por conta da vergonha e da frustração em não atingirem seus objetivos.
Hoje, de Serra Pelada, resta uma cratera de duzentos metros de profundidade inundados com água envenenada por mercúrio. Levantamentos geológicos estimam que ainda poderia haver de 20 a 50 toneladas de ouro enterrado sob o lago. Nele, nada sobrevive. O mercúrio era acrescentado à terra retirada pois facilita a identificação do ouro; passa-se tal mistura na bateia para peneirar a terra, coloca-se a bateia ao sol, o mercúrio evapora e nela fica, se houver, o ouro. O metal líquido é tão tóxico que quem já tinha encontrado um mínimo de ouro pagava a outro garimpeiro para que lidasse com o mercúrio.
O material educativo distribuído na exposição tem história, curiosidades, vocabulário e até o passo a passo para a produção de uma câmera escura caseira. Não deixe de levar esse pedacinho da exposição para casa para se aprofundar nos sonhos e mistérios despertados pelo ouro e interpretados sob o olhar de Sebastião Salgado.
Justamente em 1986, no auge da exploração do garimpo, chegou ao local os olhos arregalados do fotógrafo Sebastião Salgado, depois de esperar seis anos para que as autoridades da ditadura militar o autorizassem a visitar aquela que se transformou na maior mina a céu aberto do mundo. Foram 33 dias e centenas de filmes fotográficos retratando a realidade alucinante daqueles homens que encarnavam esforço e delírio em busca do sonho de enriquecer. Suas fotos fizeram com que o mundo conhecesse a história de Serra Pelada. Quase três décadas depois do governo brasileiro fechar a mina (em 1992), 56 dessas imagens estão reunidas no SESC Avenida Paulista, na exposição "Gold - Mina de ouro Serra Pelada".
A exposição, que fica no SESC até novembro/2019, certamente será visitada por muita gente que nem havia nascido quando Serra Pelada era notícia quase diariamente no Jornal Nacional e no Fantástico de todos os domingos, anunciando as frequentes mortes por acidentes ou assassinatos que chegavam a 80 por mês. As brigas e os acertos de contas não aconteciam no garimpo, onde eram proibidos armas, álcool e mulheres, e sim em Curionópolis, vilarejo que se formou a 30km de distância da jazida e do controle do major Sebastião Curió, enviado pelo governo paraense para impor a ordem em meio aos garimpeiros. Em Curionópolis, que herdou o nome do Major Curió, ficavam dezenas de bares e bordéis com cerca de 5000 prostitutas.
Na exposição, a narrativa construída por meio das imagens é complementada por textos nas paredes que contextualizam o que se vê nas fotos: milhares de pessoas se movimentando em uma cratera com barrancos e escadas íngremes; homens cobertos de lama cumprindo suas tarefas como operários de um grande formigueiro. Aliás, 'formiga' era o nome dado à categoria mais básica de garimpeiros de Serra Pelada, era ele quem descia pelas perigosas escadas apelidadas de 'adeus mamãe' e voltava carregando na cabeça sacos com 35kg a 40kg de cascalho para ser vasculhado. A maior pepita de ouro encontrada em Serra Pelada pesava cerca de 6,8kg, alguns garimpeiros chegaram a encontrar dois mil quilos do cobiçado metal, no entanto, a sorte não era assim tão sorridente para todos. Muitos que ali estiveram não encontraram nada, alguns nem retornaram às suas casas por conta da vergonha e da frustração em não atingirem seus objetivos.
Hoje, de Serra Pelada, resta uma cratera de duzentos metros de profundidade inundados com água envenenada por mercúrio. Levantamentos geológicos estimam que ainda poderia haver de 20 a 50 toneladas de ouro enterrado sob o lago. Nele, nada sobrevive. O mercúrio era acrescentado à terra retirada pois facilita a identificação do ouro; passa-se tal mistura na bateia para peneirar a terra, coloca-se a bateia ao sol, o mercúrio evapora e nela fica, se houver, o ouro. O metal líquido é tão tóxico que quem já tinha encontrado um mínimo de ouro pagava a outro garimpeiro para que lidasse com o mercúrio.
O material educativo distribuído na exposição tem história, curiosidades, vocabulário e até o passo a passo para a produção de uma câmera escura caseira. Não deixe de levar esse pedacinho da exposição para casa para se aprofundar nos sonhos e mistérios despertados pelo ouro e interpretados sob o olhar de Sebastião Salgado.
Depois de São Paulo, a exposição GOLD viajará para Estocolmo (Suécia), Tallin (Estônia), Londres (Inglaterra) e Fuenlabrada (Espanha), onde estará no Centro de Arte Tomás y Valiente em novembro.
Serviço
Gold - Mina de Ouro Serra Pelada
Exposição com fotografias de Sebastião Salgado
Período: de 17-07 a 03-11-2019
Horários: de 3ª a sábado, das 10h às 21:30h / domingos e feriados, das 10h às 18:30h
Endereço: SESC Av. Paulista, n. 119, 5º andar
Site oficial: SESC Av. Paulista
* No dia 1º-10-2019, o SESC exibirá o filme 'Os Trapalhões na Serra Pelada (1982).
* No Sesc Avenida Paulista fica também o mirante inaugurado em abril de 2018, após reforma completa do prédio. O acesso à plataforma do 17º andar, que avança sobre a Av. Paulista, é gratuita e as filas são inevitáveis principalmente aos finais de semana. Encare, a vista vai valer a pena.
Site oficial: SESC Av. Paulista
* No dia 1º-10-2019, o SESC exibirá o filme 'Os Trapalhões na Serra Pelada (1982).
* No Sesc Avenida Paulista fica também o mirante inaugurado em abril de 2018, após reforma completa do prédio. O acesso à plataforma do 17º andar, que avança sobre a Av. Paulista, é gratuita e as filas são inevitáveis principalmente aos finais de semana. Encare, a vista vai valer a pena.
Serra Pelada hoje: Câmera Record - 09-06-2019
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