Jorge Amado e sua Ilhéus
Assim era em Ilhéus, naqueles idos de 1925, quando floresciam as roças nas terras adubadas com cadáveres e sangue e multiplicavam-se as fortunas, quando o progresso se estabelecia e transformava-se a fisionomia da cidade.
(Gabriela, Cravo e Canela)
Escultura de Jorge Amado no Bar Vesúvio |
O turismo da cidade de Ilhéus respira as histórias do morador mais ilustre que já teve, Jorge Amado. O escritor baiano não nasceu na cidade e sim em uma fazenda do vizinho município de Itabuna, mas mudou-se para lá com um ano de idade e em Ilhéus passou apenas sua infância, na adolescência já estava em Salvador.
Livros expostos na Casa Jorge Amado |
Certamente os felizes anos da infância deixaram suficientes boas lembranças para que vários de seus livros tivessem Ilhéus como cenário:
Agora não voavam mais sobre o mar verde. Primeiro foram os coqueiros e logo depois o morro da Conquista. O piloto inclinava o avião e os passageiros que iam do lado esquerdo podiam ver, como num postal, a cidade de Ilhéus se movimentando.
(São Jorge dos Ilhéus)
Hoje a casa onde Jorge Amado viveu transformou-se em museu em homenagem ao autor, com fotos, objetos pessoais e até a máquina de escrever de onde saíram tantas histórias sobre Ilhéus:
O feitiço de Iemanjá é muito forte. Mas poderia ir embora. Iria com Lívia para bem distante dali, alguém já lhe disse que em Ilhéus um homem pode ganhar muito dinheiro. Iria trabalhar noutro oficio, fugiria daquele lugar.
(Mar Morto)
Manoel Misael de Souza Telles era o seu verdadeiro nome. Possuía mais de oitenta mil contos e as suas fazendas estendiam‑se por todo o município de Ilhéus.
(Cacau)
O mais interessante é que a homenagem foi feita em vida, o autor esteve presente na inauguração da Casa Jorge Amado e no final da visita há um vídeo de cinco minutos em que ele fala sobre a importância dessa casa em sua vida.
Um pouco de história e de cultura não fazem mal a ninguém, além disso ajudam a tornar os passeios mais significativos, tanto para turistas quanto para os moradores que parecem desconhecer o básico sobre sua cidade.
Ouvi um turista perguntando a um jovem vendedor de chaveiros o motivo da cidade se chamar Ilhéus. Por acaso, se trataria de uma ilha? E a resposta veio sem titubear:
"Não, é porque Jorge Amado que escolheu esse nome".
Dá pra imaginar o que é para uma professora de literatura ouvir tal absurdo sem interromper a conversa? Para a felicidade (e alívio) de minhas filhas e meu marido, eu consegui.
Em tempo: a vila de São Jorge dos Ilhéus foi fundada em 1536 e recebeu esse nome em homenagem ao donatário (Jorge) e a grande quantidade de ilhas (ou ilhéos) encontradas em seu litoral.
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1 comentários
Hehehe... Eu tb teria vontade de interromper a conversa! :)
ResponderExcluirAmei o post! Sempre achei tão doce a sonoridade do nome Ilhéus. Agora vou desejar aparecer por lá por causa desse turismo literário. Muito bacana :)
Abraço,
Jussara - minasdemim
E você? O que pensa sobre isso?
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