Keys to the kingdom Tour
A Disney é viciante, quanto mais se visita, mais se quer ver, e conhecer, e saber mais sobre o reino da fantasia... Os administradores sabem disso, por isso, oferecem alguns tours especiais para quem quer avançar um pouquinho em seus segredos. Não se iluda, os segredos desvendados são mesmo bem poucos, os próprios guias informam que nos parques Disney os guests (convidados) têm a falsa ideia de liberdade, porém, na verdade só andam por onde lhes é permitido, só veem e sabem o que é conveniente que conheçam. Sendo assim, não estranhe se alguma pergunta sua ou de outro guest não for respondida, os guias só revelam aquilo que estão autorizados a fazer. Assim se mantém a magia que ninguém explica completamente, mas encanta a todos.
O 'Keys to the Kingdom Tour' é um passeio guiado de 5 horas pelo Magic Kingdom no qual os guests recebem muitas informações, em inglês, e ficam sabendo de curiosidades sobre o parque, além de visitar uma pequena parte dos bastidores e dos famosos túneis do Magic Kingdom (utilidors). Como os segredos desvendados podem estragar a magia para algumas pessoas, o passeio é permitido só para maiores de 16 anos (pelo mesmo motivo não continue a leitura se os spoilers lhe incomodam). Custa USD99 (+ taxas), além da entrada do parque, e só pode ser agendado via telefone, com a opção de atendimento em português. Os grupos são formados por no máximo vinte pessoas e saem diariamente a cada meia hora entre as 8h e as 10h. Quem escolhe o primeiro horário, como nós fizemos, precisa chegar bem cedo, por isso, encontra o Transportation and Ticket Center (de onde saem o Ferry Boat e o Monorail que levam até o Magic Kingdom) vazio, como na foto acima. Com tanta tranquilidade consegui olhar para o chão e ver os ladrilhos com o desenho estilizado do Mickey e do castelo da Cinderela e nomes de pessoas que já comemoraram alguma data especial no parque: casamento, formatura, aniversário... A vantagem desse primeiro horário é pegar o parque vazio, entrando antes de sua abertura, porém, nesse dia estavam gravando um comercial (veja os equipamentos na foto) e a abertura dos portões atrasou, como entramos em cima da hora do tour tivemos que ir direto para o Town Square Theater, onde o tour se inicia (a orientação é chegar 15min antes do horário de início). O tempo parada em frente aos portões, serviu para que eu observasse a mensagem da placa circular encrustada no portal: "Aqui você deixa o hoje e entra no mundo do ontem, do amanhã e da fantasia".
Quando se agenda esse tour não se recebe nenhuma confirmação por e-mail; no dia seu nome estará em uma lista com os cast members na entrada do parque, para permitir a entrada antes das 9h, e o crachá com seu nome pronto no Town Square Theatre, que é o ponto de encontro. Antes de começar o tour você já escolhe o que vai querer para o almoço, que já está incluído no valor do passeio. Nossa refeição foi no Pecos Bill Tall Tale, que fica na área da Frontierland. Cada participante também recebe uma garrafa d'água e um rádio com fone de ouvido para que todos possam ouvir perfeitamente as informações. Nossa guia era essa da foto ajudando a distribuir os crachás, observe que a roupa dela lembra os trajes de equitação (chapéu), inclusive ela levava um chicote de equitação nas mãos. Todos os guias usam essa roupa por escolha da filha de Walt Disney, Diane, que praticava equitação e considerou a roupa adequada à função dos guias. Durante o tour é proibido fotografar e filmar, principalmente nos bastidores (backstage) e utilidors, onde é feita uma promessa solene de não registrar o que está sendo mostrado, por isso, as fotos dessa postagens são 'genéricas'. Algumas foram tiradas em outros momentos de visita ao Magic Kingdom, outras são apenas ilustrativas ou resultado de buscas no Google (como acontece com as imagens dos utilidors).
Todos devidamente identificados e com os fones de ouvido, o passeio começa em frente ao Town Square Theatre, onde a guia conta como começou o império da Disney, primeiro com os filmes (Branca de Neve e os Sete Anões, em 1937; Fantasia, 1940), depois o parque da Califórnia e a compra de terras em Orlando com nomes de diferentes pessoas e empresas fictícias para garantir os preços baixos. Dessa forma Walt Disney conseguiu comprar os 27 mil acres de terras que formam o complexo Disney World, na Florida. Os nomes nas janelas da Main Street são de pessoas importantes para a criação do parque, até mesmo as corporações falsas, criadas para possibilitar a compra de terras a preços baixos, estão lembradas ali. Esses nomes estão propositadamente colocados na entrada do parque para que sejam a primeira coisa que se vê ao entrar e a última a sair, como se fossem os créditos de um filme, apresentados no início e no final da exibição. Pouco depois da Town Square Theatre, seguindo em direção ao castelo, há um recuo lateral à direita que forma uma pequena rua sem saída para os guests, onde na verdade é uma das entradas dos bastidores, paramos ali para ouvir sob as janelas das construções o som de um piano sendo tocado e alguém praticando canto nos prédios identificados como "Singing Lessons" e "School of Dance". Durante o tour são apontados detalhes que estavam ali, mas muita gente não havia observado mesmo após várias visitas, por exemplo, a perspectiva forçada que faz as construções, inclusive o castelo, parecerem maiores do que realmente são (observe na primeira foto como os tijolos diminuem de tamanho do mais baixo para o mais alto) e, no alto dos prédios, a quantidade de bandeiras americanas que na verdade são para-raios disfarçados. Essas são bandeiras falsas, em todas elas falta uma estrela ou uma listra, a única bandeira verdadeira é a que fica na pequena praça da entrada do parque, essa é hasteada pela manhã e arriada diariamente, com todas as honras em uma cerimônia realizada as 17h .
Outra informação bem enfatizada por nossa guia explica o nome do passeio "Keys to the Kingdom Tour"com um trocadilho de duplo sentido usando a palavra 'chave'. Essa chave, que é o símbolo do passeio distribuído em forma de pin, pode parecer simplesmente a maneira de destrancar espaços proibidos para os visitantes em geral, como o backsatge e os utilidors, mas vai além disso, as chaves/keys (no plural) são as 4 diretrizes que criam diariamente a magia que os visitantes esperam encontrar: safety, efficiency, courtesy e show.
- Safety (segurança): por exemplo, a água na Splash Montain é potável pois pode espirrar na boca dos guests;- Efficiency (eficiência): para isso existem os utilidors, para que nada que estrague a magia seja visto pelos visitantes;
- Courtesy (cortesia): os guests sempre são recebidos com um sorriso pelos cast members que estão sempre prontos a ajudar;
- Show: o parque é o próprio show e a estação de trem por onde se entra é considerada a cortina que se abre para que o público assista ao show que deve ser perfeito.
Até aqui as informações foram dadas em algumas paradas feitas na Main Street, depois a caminhada seguiu em sentido anti-horário para a Adventureland (onde fizemos o Jungle Cruise), depois para a Frontierland (almoço e backstage da Fantasy Parade), Liberty Square (Haunted Mansion), Fantasyland (entrada dos utilidors) e Tomorrowland (saída do backstage). O tour foi finalizado na praça em que fica a bandeira americana real. A cada nova 'terra' que chegávamos, a guia chamava a atenção para os detalhes, a mudança de cor do chão, a música, a impossibilidade de ver o castelo a partir da Adventureland que representa a selva, etc
Sem passar pela fila (uhuu!!) o grupo embarcou em um único barco para fazer o Jungle Cruise, uma das atrações originais do MK, desde sua inauguração em 1971, considerada revolucionária para a época. Enquanto navegávamos alguns segredos foram sendo desvendados, o barco corre sobre trilhos, o cast member que ´pilota' o barco é apenas decorativo. A profundidade do rio é mínima, o que dá a ideia de profundidade é a cor marrom-esverdeada conseguida com corante; a cachoeira tem a função de ajudar a agitar e misturar o corante. O Jungle Cruise tem alguns hidden mickeys (Mickeys escondidos) que foram apontados por nossa guia, olhe na foto os três círculos na aranha e o relevo na fuselagem do avião que caiu na selva. Ainda na Adventureland demos uma paradinha no Enchanted Tiki Room, que é o maior pára-raios do Magic Kingdom. Os pássaros da Tiki Room foram os primeiros bonecos animatrônicos do parque, mas não paramos ali para vê-los e sim para observar o teto que sendo de palha deveria juntar insetos (bugs). A guia emprestou seu chicote de equitação para que um dos guests do grupo batesse na palha para vermos se voavam insetos. Nada! O teto na verdade é feito de tiras individuais de alumínio e ela aproveitou para informar que não há insetos nos parques Disney. No dia seguinte fomos ao Animal Kingdom e observei que mesmo entre tantas árvores e animais, os insetos são raríssimos. Esse mistério ficou sem resposta.
Sobre Piratas do Caribe, a guia nos contou que naquele espaço seria construída inicialmente uma atração educativa, porém, os visitantes do parque de Orlando procuravam pela atração que já existia na Disneyland da Califórnia, por isso, decidiu-se pela construção de Piratas do Caribe também na Florida. Sobre a relação entre a atração e o filme, ela destacou que realmente existe uma 'inspiração', mas não que o filme tenha sido criado para homenagear a atração, como dizem.
Sobre Piratas do Caribe, a guia nos contou que naquele espaço seria construída inicialmente uma atração educativa, porém, os visitantes do parque de Orlando procuravam pela atração que já existia na Disneyland da Califórnia, por isso, decidiu-se pela construção de Piratas do Caribe também na Florida. Sobre a relação entre a atração e o filme, ela destacou que realmente existe uma 'inspiração', mas não que o filme tenha sido criado para homenagear a atração, como dizem.
O almoço aconteceu na área Frontierland, no Pecos Bill Tall Tale. Quando chegamos os pratos escolhidos já estavam na mesa com nossa identificação no cartão que dentro trazia o pin em forma de chave, símbolo do tour. O tempo para refeição foi rápido, meia hora no máximo, e a guia orientou que fôssemos ao banheiro antes de continuarmos a caminhada. Detalhe: se alguém não se dirigia aos restrooms quando eram indicados, ela repetia que era para ir mesmo sem vontade, 'como dizem as mamães'. Nessa área do parque o pedido faz todo sentido, pois está próximo da Liberty Square, onde não há banheiros externos, eles ficam sempre dentro dos restaurantes, isso para ambientalizar a área com prédios dos séc. 18 e 19, quando o saneamento básico era bem precário na América colonial, por isso, o chão vermelho do parque ganha uma faixa marrom-amarelada nessa área para representar o esgoto que corria a céu aberto na época ali representada.
Nosso caminho após o almoço foi o backstage onde ficam guardados os carros do Disney Festival of Fantasy Parade, o desfile com personagens que acontece diariamente às 15h, desde março/2014. Nós entramos nos bastidores justamente por onde os carros começam o desfile e ali houve uma paradinha para que todos repetissem as palavras da guia prometendo não fotografar e nem filmar nada que estivesse a partir daquele ponto.
Na imagem acima, do Google Earth, está o caminho que fizemos representado pela linha laranja que começa ao lado da Splash Montain (onde se inicia o desfile) e vai até o galpão onde os carros ficam guardados. Todos os dias são feitos testes de som, retoques de pintura e detalhes dos carros para garantir que tudo esteja impecável. A linha amarela atravessada logo no início do trajeto realmente é desenhada no chão e indica o ponto em que o show deve começar, pois a partir dali os carros já podem ser vistos e ouvidos. Da mesma forma, onde o desfile se encerra (no início da Main Street), há uma linha amarela para que os personagens saibam o ponto em que podem parar as performances pois a partir dali não poderão mais ser vistos pelo público.
Nesse espaço em que entramos, é possível perceber que por trás do show, os prédios que abrigam as atrações Piratas do Caribe e Splash Montain estão muito próximos, praticamente um ao lado do outro, o que não é possível notar quando se anda pelas áreas livres do parque e se vê apenas a entrada de cada atração, pois é nos bastidores que está a maior parte das áreas construídas (como um iceberg em que apenas uma pequena parte é visível). O Magic Kingdom tem muita informação concentrada em pouco espaço, o que dá a falsa impressão de que ele é maior do que realmente é. O Animal Kingdom, maior dos parques Disney, é cinco vezes maior que o Magic Kingdom, por outro lado, o MK tem três vezes mais atrações que o AK.
Ainda na imagem acima, o círculo amarelo sobre um dos prédios, mostra como as grandes construções dos bastidores do parque são camufladas. Nesse ponto específico a parede é revestida com pedras iguais as da Splash Montain, assim quando se olha a partir do parque ela está integrada ao cenário da atração. Além disso, a cor escolhida para a pintura dos prédios foi estudada (pelo próprio Walt Disney) para se confundir com as árvores do parque e tornar os prédios imperceptíveis.
Na imagem acima, do Google Earth, está o caminho que fizemos representado pela linha laranja que começa ao lado da Splash Montain (onde se inicia o desfile) e vai até o galpão onde os carros ficam guardados. Todos os dias são feitos testes de som, retoques de pintura e detalhes dos carros para garantir que tudo esteja impecável. A linha amarela atravessada logo no início do trajeto realmente é desenhada no chão e indica o ponto em que o show deve começar, pois a partir dali os carros já podem ser vistos e ouvidos. Da mesma forma, onde o desfile se encerra (no início da Main Street), há uma linha amarela para que os personagens saibam o ponto em que podem parar as performances pois a partir dali não poderão mais ser vistos pelo público.
Nesse espaço em que entramos, é possível perceber que por trás do show, os prédios que abrigam as atrações Piratas do Caribe e Splash Montain estão muito próximos, praticamente um ao lado do outro, o que não é possível notar quando se anda pelas áreas livres do parque e se vê apenas a entrada de cada atração, pois é nos bastidores que está a maior parte das áreas construídas (como um iceberg em que apenas uma pequena parte é visível). O Magic Kingdom tem muita informação concentrada em pouco espaço, o que dá a falsa impressão de que ele é maior do que realmente é. O Animal Kingdom, maior dos parques Disney, é cinco vezes maior que o Magic Kingdom, por outro lado, o MK tem três vezes mais atrações que o AK.
Ainda na imagem acima, o círculo amarelo sobre um dos prédios, mostra como as grandes construções dos bastidores do parque são camufladas. Nesse ponto específico a parede é revestida com pedras iguais as da Splash Montain, assim quando se olha a partir do parque ela está integrada ao cenário da atração. Além disso, a cor escolhida para a pintura dos prédios foi estudada (pelo próprio Walt Disney) para se confundir com as árvores do parque e tornar os prédios imperceptíveis.
No backstage a parte mais interessante é a visita ao galpão que guarda os carros da Fantasy Parade - embora não haja uma circulação entre eles - ficamos apenas na entrada e, enquanto eram passadas as informações, ouvimos o teste do som e vimos os carros sendo detalhadamente revisados, inclusive com um espelho que permitia ver embaixo de cada float (flutuador ou carros alegóricos). Entre as curiosidades destacou-se a segurança dispensada aos 'amigos dos personagens' (como são chamados os cast members que os interpretam) que ficam todos presos aos carros. A Pequena Sereia, por exemplo, que parece solta sentada dentro de uma concha, na verdade está presa pela cintura.
As fadas-madrinhas da Bela Adormecida - Fauna, Flora e Primavera - que parecem flutuar acima do chão, estão na verdade em plataformas sobre rodas que são comandadas por suas varinhas mágicas com fiação escondida sob as mangas longas de suas roupas (amplie a imagem e veja o fio dentro do círculo amarelo). O príncipe Philip também está no desfile enfrentando o grande dragão de Malévola, mas... e Aurora? Bem, a princesa que passa a maior parte de seu próprio filme dormindo faz parte da parada da Disneyland Tokyo (foto), mas no Magic Kingdom, enquanto o príncipe luta com o dragão ela está dormindo, então, não faria sentido aparecer no desfile e foi substituída no carro de abertura por Anna e Elsa. Observe na foto acima que a estrutura dos dois carros é idêntica, Aurora foi realmente substituída pelas princesas de Frozen.
Voltamos pelo mesmo caminho e seguimos em direção a Liberty Square que tem uma réplica do Sino da Liberdade (Liberty Bell) feito no mesmo molde do sino original. O jardim em sua volta tem flores brancas e vermelhas e a Disney ainda procura por uma flor azul que se harmonize às outras para que as três cores da bandeira americana sejam representadas ali. Ao lado fica o carvalho centenário que foi transplantado para o parque, nele estão penduradas 13 lanternas representando as colônias americanas, antes da independência dos EUA.
A Liberty Square é a menor das 'terras' do Magic Kingdom e é dedicada à história americana. A atração mais procurada por ali é a Haunted Mansion, que fomos visitar sem passar pela fila. Na foto aérea mais um exemplo de como a maior parte das atrações está escondida nos bastidores e o que vemos do parque é só uma pequena parte. Se o Jungle Cruise foi considerado inovador na inauguração do parque, em 1971, imagine a Haunted Mansion que surpreende até hoje e é cheia de segredos! Desde os jardins cuidadosamente descuidados até os fantasmas que pegam carona nos carrinhos, tudo causa admiração. Os imagineers não entraram em um acordo se a atração mal-assombrada seria apenas divertida ou realmente assustadora. Como não houve acordo, a primeira parte é mais aterrorizante (um pouquinho) e a segunda mais divertida. A divisão é marcada pelo baile onde os fantasmas dançam.
Saímos dali, mais do que ansiosos para finalmente conhecermos os utilidors onde descemos as escadas por dentro de uma das lojas da Fantasyland. Como já expliquei, as fotos são proibidas, as que estão a seguir são resultado de pesquisa no Google e são as poucas e raras que podem ser encontradas.
Eles foram construídos justamente para possibilitar que o show nunca perdesse seu encanto. Os cast members só circulam por ali, então você nunca encontrará algum deles chegando de mochila pelo parque, ou comendo em um dos restaurantes dos guests. E mais, o que motivou Walt Disney a executar esse projeto foi impedir que um cowboy da Frontierland tivesse que atravessar a Tomorrowland para chegar a seu ponto de trabalho, ou então que Cinderela tivesse que atravessar a selva da Adventureland para chegar até seu castelo, o que quebraria o encanto de cada área. Todo o trânsito de mercadorias e cast members acontece exclusivamente pelos utilidors. São dois mundos separados: os utilidors construídos no térreo, que são, o mundo real, e o parque construído no primeiro andar, que é o mundo da fantasia. Para se ter uma ideia dessa diferença entre os dois andares do parque, quando estiver na atração It's a Small World observe que a entrada fica no alto e a fila desce até chegar ao ponto de embarcar para o passeio. Isso porque a entrada está no primeiro andar e o 'rio' por onde navegam os barcos da atração está no nível dos utilidors.
Quando descemos a escada e chegamos aos utilidors, o mundo real trocou as canções dos contos de fadas por Ragatanga (o Aserehe, do grupo Rouge, lembra?). Diga se isso é ou não um choque de realidade. Em cima, o mundo é só fantasia e encantamento, mas nos utilidors os funcionários relaxam com a realidade, vimos vários deles chegando ou saindo com suas bolsas e mochilas e até o sorriso deixa de estar nos rostos 100% do tempo. Não que parecessem rudes ou mal humorados, apenas não sorriam o tempo todo. Além de armários dos funcionários, caixas de mercadorias, carrinhos, nesses falsos subterrâneos (pois na verdade são o andar térreo do parque) há várias fotos e objetos em painéis nas paredes que contam a história do parque desde a sua construção. A guia contou várias delas, como por exemplo, a posição sempre lateral de Roy Oliver Disney nas fotos que mostram a construção do Magic Kingdom, para que o destaque ficasse para a obra e ele aparecesse nas fotos apenas como coadjuvante na realização do sonho do irmão Walt Disney, que faleceu 5 anos antes da inauguração do primeiro parque Disney na Florida. Walt Disney faleceu aos 66 anos de idade de um câncer no pulmão, ficando hospitalizado por semanas; muitas de suas ideias para o Magic Kingdom foram anotadas por aqueles que o acompanhavam em seu leito de morte.
Na inauguração do Magic Kingdom, em 1º de outubro de 1971, Roy temia não ser capaz de discursar por conta da emoção em realizar o sonho do irmão, por isso, levou com ele o mais famoso personagem criado por Walt Disney: Mickey Mouse. Menos de dois meses depois da inauguração o próprio Roy veio a falecer. Essa foi uma parte triste do tour que a guia contou com voz emocionada (treinada?) mostrando as fotos nas paredes dos utilidors, mas houve outras histórias mais alegres. Os nomes de Mickey e Minnie, por exemplo, que originalmente seriam Mortimer e Minerva foram modificados pela esposa de Walt Disney, Lillian, que não concordou com as escolhas. O próprio Walt foi dublador do ratinho e na construção da estátua em que está de mãos dadas com Mickey Mouse houve muita discussão para se concluir qual seria o tamanho de Mickey. Resposta indefinida até hoje pois na estátua ele é bem menor que os personagens encontrados pelos parques.
Uma curiosidade, uma ideia não tão brilhante dos imagineers para comemorar os 25 anos do parque. Algum deles teve a (in)feliz ideia de camuflar o castelo em um grande e coloridíssimo bolo de aniversário. Como resultado dezenas de casamentos que seriam realizados no Magic Kingdom foram cancelados pois o sonho das noivas era fotografar em frente ao castelo e não tendo como cenário de fundo uma alegoria multicolorida e de gosto duvidoso (clique para saber mais sobre casamentos na Disney).
Algumas lendas foram desmistificadas no tour, como o sistema de tratamento de lixo que realmente existe e passa por tubulação interna nos utilidors, mas não é sugado diretamente das lixeiras do parque. A guia disse que as pessoas acreditam nisso, pois seria realmente uma ideia incrível, porém perigosa e que não corresponde à realidade. Ah! Existem várias Tinker Bells, mas nenhum Tinker Bill, ou seja, é mesmo uma mulher que atravessa 'voando' o parque ao final do show de fogos.
Ficamos em torno de 40 minutos nos utilidors e caminhamos por eles desde a Fantasyland, descendo as escadas que ficam atrás da porta mostrada na foto, atravessando a Tomorrowland até sairmos ao lado do Town Square Theater, logo na entrada do parque. Na Fantasyland entramos nos túneis pela porta de uma loja de Minnie Ears próxima ao It's a Small World. Voltamos ao parque pelos portões (foto acima) que fecham a ruazinha lateral onde ficam a "Singing Lessons" e "School of Dance", que eu expliquei no início da postagem. Eu já tinha passado por esse lugar durante a festa de Halloween do Magic Kingdom, quando cordas e cast members separavam quem entrava de quem saía do parque e a partir desse portão formava-se um corredor que percorria toda a Main Street por trás. Eu imagino que os pontos de entrada e saída dos túneis tenham sido esses que circulei na imagem abaixo. Sim, eles são muito maiores do que foi apresentado, mas dá para matar a curiosidade.
O tour é todo em inglês e a guia fala rápido e muito. Calculo que, de 5 horas de passeio, ela tenha falado umas 4h, algumas ininterruptas. Em alguns momentos chega a ficar cansativo. Quem não domina o inglês, vai aproveitar pouco das informações passadas, mas siga a direção das mãos ou das cabeças que você vai descobrir alguma coisa interessante sendo mostrada.
Quem entende pouco o inglês, mas quer muito fazer o passeio, leia sobre ele antes de ir (se leu esse post, por exemplo, já está preparado para muito do que será mostrado). E lembre-se que além das informações você também terá o almoço incluído, duas atrações sem filas, visita aos bastidores da Fantasy Parade, a entrada permitida nos utilidors, o pin em forma de chave... enfim, para mim valeu muito a pena. Não indico para quem está visitando o parque pela primeira ou segunda vez, pois há muito para se ver por lá. Primeiro conheça as atrações, depois descubra mais sobre elas.
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2 comentários
Adorei este post, ja fui a WDW por quase 2 semanas queria muito ter feito este tour mas depois de lá chegar com tanta coisa que fazer acabou por ficar para depois. A disney tem muitos segredos alguns tão visiveis que ninguem repara outros bem no segredo dos deuses. adorei
ResponderExcluirFaça mesmo, você vai gostar. Eu fiz na minha 5ª visita ao Magic Kingdom. É importante já conhecer o parque. Abraços.
ExcluirE você? O que pensa sobre isso?
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