Exposição Castelo Rá-Tim-Bum
Era uma vez um castelo habitado por bruxos, criaturas falantes e uma criança de 300 anos. Nino (Cássio Scapin) é um aprendiz de feiticeiro que, mesmo tendo três séculos de vida, nunca foi à escola e mora com o tio, Dr. Victor (Sérgio Mamberti), que também é feiticeiro e cientista, e Morgana (Rosi Campos), tia-avó de Nino e bruxa que tem 6 mil anos. Todos vivem no castelo, onde há animais e objetos sobrenaturais que têm vida própria e falam.
Triste por não ter amigos, Nino utiliza um feitiço que aprendeu com Tio Victor para atrair três crianças até o Castelo: Pedro (Luciano Amaral), Biba (Cinthya Rachel) e Zequinha (Freddy Állan). A partir daí, juntos, eles vivem várias aventuras e descobertas.
As crianças que viveram a infância nos anos 90 ganharam esse presentão da TV Cultura: 'Castelo Rá-Tim-Bum', um dos programas infantis de maior sucesso da TV brasileira exibido de maio de 1994 a dezembro de 1997, substituindo 'Rá-Tim-Bum, que havia estreado em 1990 e foi apresentado até março de 1994. A ideia era criar uma continuidade para o programa que já existia, mas o resultado da inventividade dos autores foi a criação de um novo programa com tudo novo: cenários, personagens, quadros, figurinos... desenvolvidos por uma equipe de cerca de 250 profissionais que incluíam pedagogos e professores de Língua Portuguesa.
A intenção inicial era produzir um total de 180 episódios, no entanto apenas metade disso foi gravada. Ao todo, foram 6 mil horas de filmagens e outras 3 mil de edição. Além de muitas reprises na TV Cultura e do YouTube, as crianças da década de 90 e seus saudosos pais ganharam uma exposição para voltar um pouquinho no tempo.
A primeira exposição sobre o Castelo Rá-Tim-Bum aconteceu em São Paulo, no Museu da Imagem e do Som (MIS), de julho/2014 a janeiro/2015 em comemoração aos 20 anos do programa e atraiu mais de 400 mil pessoas. Depois foi a vez do Rio de Janeiro receber a exposição de outubro/2015 a janeiro/2016. Para alegria dos nostálgicos fãs, em abril/2017, uma nova exposição foi inaugurada no Memorial da América Latina (SP), com 700 metros quadrados e reproduzindo inclusive a parte externa do Castelo. Mais um sucesso com 800 mil visitantes e dessa vez a exposição está passeando pelo interior de São Paulo (eeehh!!!). Passou por Campinas (100 mil visitantes), no shopping Iguatemi Campinas, de março a junho/2018 e foi para Ribeirão Preto, a segunda cidade do interior paulista a receber a exposição, onde fica no Iguatemi Ribeirão Preto até 16/09/2018.
A exposição itinerante ocupou uma área de 500 metros quadrados tanto em Campinas quanto em Ribeirão Preto. Entre os cenários está a biblioteca que tinha o equivalente a seis mil livros no cenário original, metade deles doada pela extinta editora Círculo do Livro. Além dos livros 'reais', alguns eram cenográficos, feitos com isopor e tecido, e outros desmembrados em dois ou três e criada uma nova capa. Na biblioteca os visitantes vão encontrar o Gato Pintado (1ª foto) que fala com os visitantes e a escrivaninha do Dr. Victor com sua poltrona colorida. A orientação é para não tocar ou sentar nos móveis, mas as fotos são liberadas, o que eu pessoalmente acho muito legal, pois demonstra que os expositores não temem esgotar o interesse do público com a divulgação das imagens e sim aguçar a curiosidade das crianças crescidas e seus saudosos pais. Aliás, havia muitas crianças por ali que talvez nunca tenham assistido aos episódios do Castelo, mas tinham como guias na exposição os pais entusiasmados, aqueles mesmos que eram crianças quando o programa estreou em 1994.
O extremo cuidado com cada detalhe dos cenários e figurinos fez com que o Castelo tivesse audiência média de 12 pontos, quando eram apresentados os episódios inéditos, a maior de qualquer programa educativo da TV Cultura. Além dos figurinos originais expostos, também há croquis, fotos das provas das roupas e amostras de tecido dos testes para cada figurino, como esses das imagens acima do figurino de Dr. Victor, inspirado no visual do Dr. Frankenstein (o cientista, não o monstro) e do pintor Salvador Dali.
Graças ao YouTube, é possível assistir a um episódio 'quase' inédito da atração na TV. O Especial de Natal do Castelo foi exibido apenas duas vezes na televisão: em 1994 e 1995. O enredo tem como personagem Daniel, um fã da série que, por causa de uma magia de Nino, foi transportado para dentro do Castelo.
Entre os mais de 20 cenários também estão o quarto de Morgana com seu caldeirão de magias, a vassoura mágica e a gralha Adelaide, e o laboratório dos gêmeos Tíbio e Perônio, que na verdade não eram gêmeos, porém, os atores Flávio de Souza e Henrique Stroeter ficavam tão parecidos quando maquiados que eles mesmos não se reconheciam nos monitores e precisavam se mexer para identificar quem era quem nos monitores.
Embora eu não tenha visitado os 700 metros quadrados de exposição no Memorial da América Latina, acredito que a diferença de 200m entre a exposição de São Paulo capital e a do interior esteja principalmente na disposição de objetos e cenários e não necessariamente na quantidade de objetos expostos. No Iguatemi Ribeirão Preto, a ocupação máxima é de 200 visitantes por vez, o que produz uma fila bem grandinha.
Dentro da exposição alguns cenários e personagens conduzem a mais algumas filas, afinal, todos querem fotografar com a cobra Celeste (que tinha um homem como dublador) ou no ninho dos passarinhos, onde é possível entrar nos ovos quebrados. 'Passarinho! Que som é esse?' Não dá para esquecer, não é?
E do Telekid, lembra? “Porque sim não é resposta!”. Era o personagem futurista e educativo interpretado por Marcelo Tas, criado por sugestão do próprio autor, que parece tão novinho nas imagens da época mas já tinha 35 anos. Embora os quadros do Telekid estivessem distribuídos entre os 90 episódios, apresentados em mais de três anos, foram todos gravados em um único mês, durante as madrugadas, horário em que o chroma-key (fundo verde) da TV Cultura estava à disposição dos produtores do Castelo.
Muitos outros personagens inesquecíveis estão na exposição. Quem recebe os visitantes na entrada do Castelo é o Porteiro com suas palavras mágicas 'Klift Kloft Still, a porta se abriu!'. Difícil resistir a dar uma paradinha ali para a primeira de muitas fotos, o pessoal de apoio está pronto a ajudar e fotografa com os celulares de todos. Como esquecer do ratinho com seu carro possante que ensinava às crianças a importância de tomar banho e escovar os dentes. E da dedolândia, quem lembra? Era a banda de dez integrantes (dedos) que ensinava a calcular. Quem os apresentava era o Fura-Bolo, fantoche manipulado pelo ator Fernando Gomes, o mesmo que dava vida ao Gato Pintado e ao Relógio que era detentor da maior pontualidade do mundo, lembrando o horário exato de cada atividade dos moradores do Castelo e avisando sobre a chegada do Dr. Victor.
E por falar no pontualíssimo Relógio que morava na entrada do Castelo, observe as imagens acima e veja as semelhanças com o visual do apresentador Chacrinha: a gravata, os óculos, a cartola, o círculo com números... coincidência? Não, inspiração mesmo. A foto do Velho Guerreiro não ficou nada boa, mas dá pra entender do que estou falando, não é?
Por se tratar de um mundo fantástico, nenhum objeto usado nos cenários do programa foi comprado. Os incríveis brinquedos que despertavam o desejo das crianças eram adaptados ou inteiramente construídos pela criativa equipe de cenografia do “Castelo”. Há alguns vídeos mostrando a criação desses objetos.
Em uma época sem computador, celular ou redes sociais, o amor das crianças pelos personagens não podia ser demonstrada por meio de 'Likes', por isso, elas escreviam contando quais eram seus personagens favoritos, pedindo para visitar o Castelo e enviando desenhos que retravam o quanto os personagens eram queridos. A letra infantil das cartinhas expostas dão um gostinho a mais de nostalgia à mostra. Dizem que quando foi anunciado que o programa iria acabar, algumas cartas enviadas pelas crianças chegavam com dinheiro para que os atores não parassem de gravar.
Não perca a oportunidade de visitar a exposição. Por quê? 'Porque sim, Zequinha!'.
Ingressos: R$20 (inteira); R$10 (meia)
Não perca a oportunidade de visitar a exposição. Por quê? 'Porque sim, Zequinha!'.
Ingressos: R$20 (inteira); R$10 (meia)
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